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Palpitação em Etilista

Autor:

Lucas Santos Zambon

Doutorado pela Disciplina de Emergências Clínicas Faculdade de Medicina da USP; Médico e Especialista em Clínica Médica pelo HC-FMUSP; Diretor Científico do Instituto Brasileiro para Segurança do Paciente (IBSP); Membro da Academia Brasileira de Medicina Hospitalar (ABMH); Assessor da Diretoria Médica do Hospital Samaritano de São Paulo.

Última revisão: 11/11/2015

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Quadro Clínico

Paciente masculino, 58 anos, etilista (não quantificado), procura atendimento de emergência por estar apresentando “batedeira” no peito há cerca de 2h, sem outras queixas. Ao exame físico: BEG, Glasgow 15, MV+ s/ RA, BCRNF 2T sem sopros, FC 150pbm, PA: 130x80mmH, FR: 20cpm.  O paciente é levado para a sala de emergência, onde é feito um eletrocardiograma, mostrado na Imagem 1.

 

Imagem 1 – Eletrocardiograma do Paciente

 

 

Diagnóstico e Discussão

Temos neste eletrocardiograma uma taquicardia de QRS largo, com padrão em que os complexos QRS aparentam constante mudança de eixo. Isso nos leva à conclusão de que se trata de Torsades de Pointes.

O Torsades de Pointes (TP) é uma forma de taquicardia ventricular (TV), que ocorre na vigência de prolongamento do intervalo QT adquirido ou congênito. Uma TV polimórfica é definida como um ritmo ventricular superior a 100 batimentos por minuto, com variações frequentes do eixo QRS, sua morfologia, ou ambos. No caso específico de TP, estas variações assumem a forma de uma alteração do eixo do QRS de forma progressiva sinusoidal e cíclica. Os picos dos complexos QRS parecem "girar" em torno da linha isoelétrica da gravação; daí o nome ou torsades de pointes, ou "torção das pontas”.

A causa mais comum de TP são medicamentos que prolongam o intervalo QT, sendo os mais importantes nesse sentido: antiarrítmicos (amiodarona, sotalol, quinidina), alguns anti-histamínicos, macrolídeos, psicotrópicos (haloperidol, e agentes pró-cinéticos (como cisaprida).

Outras causas comuns envolvem os distúrbios eletrolíticos, como hipocalemia, hipocalcemia e hipomagnesemia, sendo esta última uma excelente hipótese para o paciente do caso, principalmente em se tratando de um etilista crônico.

 A conduta nesses casos na sala de emergência, caso o paciente esteja instável é desfibrilação (a cardioversão sincronizada não é possível). No paciente estável, a conduta é sulfato de magnésio 10%, 2g EV.

 

Bibliografia

El-Sherif N, Turitto G. Torsade de pointes. Curr Opin Cardiol 2003; 18:6.

 

Khan IA. Long QT syndrome: diagnosis and management. Am Heart J 2002; 143:7.

 

Tzivoni D, Banai S, Schuger C, et al. Treatment of torsade de pointes with magnesium sulfate. Circulation 1988; 77:392.

 

European Heart Rhythm Association, Heart Rhythm Society, Zipes DP, et al. ACC/AHA/ESC 2006 guidelines for management of patients with ventricular arrhythmias and the prevention of sudden cardiac death: a report of the American College of Cardiology/American Heart Association Task Force and the European Society of Cardiology Committee for Practice Guidelines (Writing Committee to Develop Guidelines for Management of Patients With Ventricular Arrhythmias and the Prevention of Sudden Cardiac Death). J Am Coll Cardiol 2006; 48:e247.

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