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Tétano Neonatal TNN

Última revisão: 01/03/2011

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Reproduzido de:

DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS – GUIA DE BOLSO – 8ª edição revista [Link Livre para o Documento Original]

MINISTÉRIO DA SAÚDE

Secretaria de Vigilância em Saúde

Departamento de Vigilância Epidemiológica

8ª edição revista

BRASÍLIA / DF – 2010

 

Tétano Neonatal

 

CID 10: A33

 

ASPECTOS CLÍNICOS E EPIDEMIOLÓGICOS

Descrição

Doença infecciosa aguda, grave, não contagiosa e imunoprevenível. Acomete o recém-nascido nos primeiros 28 dias de vida, com maior frequência na primeira semana de vida (60%) e nos primeiros quinze dias (90%), tendo como manifestação clínica inicial a dificuldade de sucção, irritabilidade, choro constante. Os casos de Tétano Neonatal, em geral, estão associados a falta de acesso a serviços de saúde de qualidade. Portanto, a ocorrência de um caso desta doença deve ser considerada como um evento sentinela para a imediata correção dos problemas relacionados à qualidade do sistema de saúde local.

 

Sinonímia

Tétano umbilical e “Mal de sete dias” (conhecimento popular).

 

Agente Etiológico

Clostridium tetani, bacilo gram-positivo, anaeróbico e esporulado produtor de varias toxinas, sendo a tetanopasmina a responsável pelo quadro de contratura muscular.

 

Reservatório

O bacilo e encontrado no trato intestinal dos animais, especialmente do homem e do cavalo. Os esporos são encontrados no solo contaminado por fezes, na pele, na poeira, em espinhos de arbustos e pequenos galhos de arvores, em pregos enferrujados e em instrumentos de trabalho não esterilizados.

 

Modo de Transmissão

Por contaminação, durante a manipulação do cordão umbilical ou dos cuidados inadequados do coto umbilical, quando se utilizam de substâncias, artefatos ou instrumentos contaminados com esporos.

 

Período de incubação

Aproximadamente 7 dias (por isso conhecido por mal de 7 dias), podendo variar de 2 a 28 dias.

 

Período de Transmissibilidade

Não é doença contagiosa, portanto, não existe transmissão de pessoa a pessoa.

 

Complicações

Disfunção respiratória, infecções secundárias, disautonomia, taquicardia, crise de hipertensão arterial, parada cardíaca, miocardite toxica, embolia pulmonar, hemorragias, fraturas de vertebras, dentre outras.

 

Diagnóstico

Eminentemente clínico e/ou clínico-epidemiológico, não depende de confirmação laboratorial.

 

Diagnóstico Diferencial

Septicemia, encefalopatias, meningites, hipoparatireoidismo, hipocalcemia, hipoglicemia, alcalose, intoxicação por estricnina, encefalite, peritonites, distúrbios metabólicos transitórios, lesão intracraniana secundaria ao parto.

 

Tratamento

     Manter o paciente sob vigilância.

     Sedar o paciente, antes de qualquer procedimento (sedativos e miorrelaxantes de ação central ou periférica – Quadro 37).

     Adotar medidas gerais que incluem manutenção de vias aéreas permeáveis (entubar para facilitar a aspiração de secreções), hidratação, redução de qualquer tipo de estimulo externo, alimentação por sonda e analgésicos.

     Utilizar Imunoglobulina humana antitetânica (IGHAT) 1.000 a 3.000UI, dose única, somente via IM (devido à existência de conservante) ou, na indisponibilidade, Soro Antitetânico (SAT), 10.000 a 20.000UI, IM ou IV, diluídos em soro glicosado a 5%, em gotejamento por 2 a 4 horas (uso de anti-histamínico prévio a administração do SAT – Quadro 38).

     Antibioticoterapia: no caso de infecção do coto umbilical, a escolha e a Penicilina Cristalina, 50.000 a 100.000UI/kg/dia, 4/4 horas, por 7 a 10 dias, ou Metronidazol, 7,5 mg/dose, de 8/8 horas, por 7 a 10 dias (Quadro 39).

 

Quadro 37. Recomendação para uso sedativos/miorrelaxantesa

Sedativos / miorrelaxantes

Doses

Via de administração

Esquema

Duração

Diazepam

0,1 a 0,2 mg/kg/dose

EV

Não exceder 0,25 mg/kg/dose, que poderá ser repetida até 3 vezes, com intervalo de 15 a 30 minutos

Correr lentamente até controlar as contraturas Atenção quanto ao risco de depressão respiratória

Midazolam (alternativa para o Diazepam)

0,15 a 0,20 mg/kg/dia

EV

1 hora ou mais

Usar em bomba de infusão

a) A posologia deve ser individualizada e a critério médico.

 

Observação: Recomenda-se que o tratamento do RN seja realizado em UTI, portanto, outros sedativos e anticonvulsivantes (Curare, Hidrato de Cloral a 10%, Fenobarbital) poderão ser utilizados a critério do médico.

 

Quadro 38. Recomendação para uso soro antitetânico (neutralização da toxina)

Soro Antitetânico

Dosagem

Via de administração

Observações

IGHAT

1.000 a 3.000UI

Somente IM, por conter conservante

Administrar em duas massas musculares diferentes

SATa (alternativa para IGHAT)

10.000 a 20.000UI

IM ou EV

Se IM, administrar em duas massas musculares diferentes. Se EV, diluir em soro glicosado a 5%, com gotejamento lento

a)   Administrar anti-histamínico antes do SAT (caso haja opção por esse procedimento). Atualmente não há consenso quanto à indicação ou não da dessensibilização.

 

Quadro 39. Recomendação para uso do antibiótico (erradicação do C. tetani)

 

Antibioticoterapiaa

Penicilina G Cristalina

Crianças: 50.000 a 200.000 UI/kg/dia

EV

4/4 horas

7 a 10 dias

Metronidazol (alternativa a Penicilina G Cristalina)

Crianças: 7,5 mg

EV

8/8 horas

7 a 10 dias

 

Características Epidemiológicas

Com a implementação de uma politica de eliminação do Tétano Neonatal como problema de saúde publica no mundo, sua incidência tem sido reduzida sensivelmente, principalmente nas Américas. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), essa meta equivale a alcançar uma taxa de incidência de menos de 1 caso/1.000 nascidos vivos (NV), por distrito ou município, internamente em cada país. No Brasil, entre 2003 a 2008 ocorreram 66 casos de Tétano Neonatal. Em 2008, foram registrados 6 casos. A taxa de incidência no país está abaixo do preconizado pela OMS, porem, em alguns municípios dos estados priorizados, a meta da OMS ainda não foi alcançada.

 

VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA

Objetivos

Monitorar a situação epidemiológica; detectar casos e contribuir para a identificação dos principais fatores de risco associados à doença; produzir e disseminar informações epidemiológicas.

 

Notificação

Doença de notificação compulsória e investigação obrigatória.

 

Definição de Caso

     Suspeito - Todo recém-nascido que nasceu bem e sugou normalmente nas primeiras horas, que entre o 2o e o 28o dias de vida, apresentou dificuldade em mamar, choro constante, independente do estado vacinal da mãe, do local e das condições do parto. São também considerados suspeitos todos os óbitos, nessa mesma faixa etária, de crianças que apresentavam essas mesmas características, com diagnostico indefinido ou ignorado.

     Confirmado - Todo recém-nascido que nasceu bem, sugou normalmente nas primeiras horas e, entre 2o e o 28o dias de vida, apresentou dificuldade, evoluindo para deixar de mamar e apresentou dois ou mais dos seguintes sinais/sintomas: trismo, contratura dos músculos da mimica facial, olhos cerrados, pele da fronte pregueada, lábios contraídos, hiperflexão dos membros superiores junto ao tórax, hiperextensão dos membros inferiores e crises de contraturas musculares, com inflamação ou não do coto umbilical.

     Descartado – Todo caso suspeito que apos a investigação epidemiológica não preencha os critérios de confirmação de caso.

     Busca ativa - Sistematicamente, deve ser realizada a busca ativa de casos de Tétano Neonatal, particularmente nas áreas consideradas de risco, silenciosas, onde ha rumores, onde a notificação e inconsistente e irregular ou as que não tenham notificado casos. Atividades de busca ativa devem incluir revisão de prontuários de hospitais e clínicas, registros de igrejas, cemitérios e cartórios, conversas com pediatras, ginecologistas, obstetras, enfermeiros, parteiras e líderes comunitários.

     Conduta frente a um caso - Encaminhar a mãe para vacinação; divulgar a ocorrência do caso aos gestores, aos profissionais de saúde (avaliar as falhas que favoreceram a ocorrência da doença e corrigi-las) e aos lideres comunitários, envolvendo-os na vigilância e ações de prevenção permanente da doença; promover a vacinação adequada das mulheres em idade fértil (MIF); cadastrar e treinar as parteiras tradicionais atuantes; fazer busca ativa de possíveis casos, investigando todos os óbitos ocorridos em menores de 28 dias de vida, sem diagnostico definido.

 

MEDIDAS DE CONTROLE

     Vacinação de 100% das mulheres em idade fértil (gestantes e não gestantes);

     Melhoria da cobertura e da qualidade do pré-natal e da atenção ao parto e puerpério;

     Cadastramento e capacitação das parteiras curiosas tradicionais atuantes em locais de difícil acesso, visando eliminar a ocorrência da doença.

 

Quadro 40. Protocolo de imunização de mulheres em idade fértil

História de vacinação prévia contra tétano

Mulheres em idade fértil

Gestantes*

Não Gestantes

Sem nenhuma dose registrada

Iniciar o esquema vacinal o mais precocemente possível com 3 doses, intervalo de 60 dias ou, no mínimo, 30 dias

Esquema vacinal com 3 doses, intervalo de 60 dias ou, no mínimo, 30 dias

Menos de 3 doses registradas

Completar as 3 doses o mais precocemente possível, intervalo de 60 dias ou, no mínimo, 30 dias

Completar o esquema vacinal com 3 doses, intervalo de 60 dias ou, no mínimo, 30 dias

3 doses ou mais, sendo a última dose há menos de 5 anos

Não é necessário vacinar

Não é necessário vacinar

3 doses ou mais, sendo a última dose há mais de 5 anos e menos 10 anos

1 dose de reforço

Não é necessário vacinar

3 doses ou mais, sendo a última dose há mais de 10 anos

1 dose de reforço

1 dose de reforço

* Se a gestante não tiver o esquema básico completo, o serviço de saúde deverá assegurar pelo menos 2 doses, devendo a 2ª dose ser aplicada até 20 dias antes da data provável do parto. O esquema vacinal deverá ser completado no puerpério ou em qualquer outra oportunidade.

 

Observação: Ao indicar a vacinação considerar as doses anteriormente administradas da vacina tríplice bacteriana (DTP, DTPa) ou do toxoide tetânico (TT).

 

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