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Editorial MedicinaNET - Junho - 2015

Última revisão: 10/06/2015

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          Baixamos a guarda e ela vem voltando

O Brasil teria o desafio de eliminar a sífilis congênita até 2015, como preconiza a Organização Mundial da Saúde (OMS).

No Estudo Sentinela Parturiente de 2004 do Ministério da Saúde, a prevalência de sífilis em gestantes era de 1,6%, cerca de quatro vezes maior do que a infecção pelo HIV no mesmo grupo para a mesma época. A estimativa era de um total de 48.425 gestantes infectadas naquele ano, apesar de haver apenas 1.863 casos notificados para o mesmo período.

De lá para cá, as notificações aumentaram. De acordo com o Ministério da Saúde, entre 2005 e junho de 2012, foram notificados no Sinan 57.700 casos de sífilis em gestantes, mas piorou ainda mais. Em 2013 foram 21.382 casos notificados. Se considerarmos o período entre 2005 e 2013, foi um aumento de 1.047%. Já o número de notificações de sífilis congênita, quando a mãe passa a doença para o bebê, subiu de 5.832 para 13.705 no mesmo período, crescimento de 135%. Pelo jeito, estamos longe de atender uma demanda da OMS.

Em outras palavras, foi um aumento explosivo em termos de número de notificações de sífilis em bebês e em gestantes no país. Se por um lado, mais acesso a serviços de saúde (parte por aumento médio de renda na população e acesso a convênios médicos, e parte pelos programas governamentais de pré-natal) aumenta a chance de diagnóstico, por outro lado mostra outros problemas.

O primeiro é que a prática de sexo desprotegido ainda é uma realidade. Talvez a diminuição das campanhas contra a AIDS (pelo menos de forma intensa como ocorrido no passado), e uma mudança do comportamento sexual entre os jovens tenha levado a maior chance de doenças sexualmente transmissíveis. Se há mais casos de sífilis congênita e em gestantes, é provável que muitos casos não estejam recebendo tratamento adequado, ou pior ainda, diagnóstico adequado. Como é uma doença que vinha diminuindo na população, a chance de médicos mais novos já terem visto um caso e saberem diagnosticá-lo adequadamente diminui. Isso é um verdadeiro paradoxo da medicina, que é dificultar a chance de um diagnóstico se a doença diminui em prevalência, mesmo que por um período de tempo.

Estamos longe da meta da OMS, e longe de estarmos livres de doenças sexualmente transmissíveis. Os desafios nunca podem ser considerados ganhos na área da saúde. Baixar a guarda é o pior a se fazer.

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