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Como evitar prescrever medicações de risco para idosos?

Autor:

Lucas Santos Zambon

Doutorado pela Disciplina de Emergências Clínicas Faculdade de Medicina da USP; Médico e Especialista em Clínica Médica pelo HC-FMUSP; Diretor Científico do Instituto Brasileiro para Segurança do Paciente (IBSP); Membro da Academia Brasileira de Medicina Hospitalar (ABMH); Assessor da Diretoria Médica do Hospital Samaritano de São Paulo.

Última revisão: 19/09/2010

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Evitando o uso de medicações potencialmente inapropriadas em pacientes idosos hospitalizados com um sistema de alarme em prescrições computadorizadas.

 

Fator de Impacto da Revista (Archives of Internal Medicine): 9,81

 

Contexto

Sempre que possível procuramos discutir sobre os eventos adversos relacionados a medicações. Isso se deve à alta prevalência e incidência desses eventos em pacientes hospitalizados, geralmente só perdendo em importância para eventos relacionados a procedimentos cirúrgicos. Sabemos que uma das fases mais críticas e passíveis de erro é a prescrição médica.  Já pudemos mostrar também a discussão sobre alguns estudos 2,3 que mostraram que alertas em prescrições eletrônicas diminuem a prescrição de medicamentos inapropriados para idosos em um departamento de emergência, e também para gerar prescrições com medicamentos genéricos e/ou mais baratos (leia o texto do MedicinaNet na íntegra).

Os idosos são pacientes particularmente vulneráveis a eventos adversos por medicações, seja pela grande prevalência de polifarmácia nessa faixa etária, seja pela pior qualidade de metabolização das drogas que eles apresentam. Até 40% dos pacientes idosos hospitalizados chegam a ter eventos adversos por drogas. Muito disso advém do uso de medicamentos potencialmente inadequados para idosos. Alertas eletrônicos talvez possam minimizar o uso dessas medicações e, conseqüentemente, o número de eventos medicamentosos em idosos.

 

O Estudo e seus Resultados

Este foi um estudo no formato “antes-e-depois” com pacientes de 65 anos ou mais, feito em um hospital de ensino em Boston, Massachusetts (EUA) a partir de 01 de junho de 2004 até 29 de novembro de 2004 (para pacientes internados antes de o sistema de alerta ser implantado), e de 17 de março de 2005, até 30 de agosto de 2008 (pacientes internados após o sistema de alerta sem implantado). Foi implantado um sistema de aviso na prescrição eletrônica que alertava o médico quando ele prescrevia uma medicação potencialmente inapropriada para idosos. A lista de medicamentos foi baseada nos critérios de Beers. O sistema também sugeria uma medicação substituta ou diminuição da dose prescrita. A principal medida de desfecho foi a taxa de prescrição de medicamentos potencialmente inapropriados antes e após o sistema de alerta ser implantado.

A taxa média (desvio padrão) de prescrição de medicamentos não recomendados caiu de 11,56 (0,36) para 9,94 (0,12) pedidos por dia após a implementação do sistema de alerta (diferença, 1,62 [0,33], P <0,001), com nenhuma evidência de que essa redução tenha diminuído ao longo do tempo, mostrando que os médicos não passaram a ignorar o avisos.

 

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Comentários

O resultado deste estudo é promissor e vem apenas somar dados àquilo que já vem sendo levantado quanto ao uso de alertas em prescrições eletrônicas. Infelizmente o estudo não averiguou se o volume de reações adversas diminuiu ao longo do tempo. Apesar de não fazer parte de sua proposta de desfechos estudados, seria absolutamente interessante ter esses dados.

Infelizmente o estudo foi realizado em um centro médico universitário, e sua generalização não é tão simples. Provavelmente é mais fácil doutrinar médicos em formação para seguirem alertas de prescrição do que médicos já formados em sua prática diária.

Incorporar tecnologia é, intuitivamente, uma forma de criar barreiras aos erros que ocorrem freqüentemente na prática assistencial diária. Estudos vêm sendo publicados apontando a possibilidade de que aquilo que é intuitivo seja também real. Isso parece ser bastante importante, principalmente com o uso de prescrições eletrônicas, bem como com o uso de facilidades associadas como os alertas no caso desse estudo. Ainda são necessários dados mais contundentes quanto aos desfechos com os pacientes. Mas aguardamos ansiosamente que estes resultados surjam em breve, e que aos poucos a prática médica possa incorporar ferramentas que de fato auxiliam na prática de segurança do paciente.

 

Bibliografia

1.    Mattison MLP et al. Preventing potentially inappropriate medication use in hospitalized older patients with a computerized provider order entry warning system. Arch Intern Med 2010 Aug 9; 170:1331.[Link para o Artigo]

2.    Terrell KM et al. Computerized decision support to reduce potentially inappropriate prescribing to older emergency department patients: A randomized, controlled trial. J Am Geriatr Soc 2009 Aug; 57:1388.

3.    Fortuna RJ et al. Reducing the prescribing of heavily marketed medications: A randomized controlled trial. J Gen Intern Med 2009 Aug; 24:897.

4.    Allan S. Brett, MD. Computerized Alerts Can Influence Drug Prescribing. Journal Watch General Medicine Sep 3 2009.

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