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Oxigenioterapia em Infarto Agudo do Miocárdio

Autor:

Lucas Santos Zambon

Doutorado pela Disciplina de Emergências Clínicas Faculdade de Medicina da USP; Médico e Especialista em Clínica Médica pelo HC-FMUSP; Diretor Científico do Instituto Brasileiro para Segurança do Paciente (IBSP); Membro da Academia Brasileira de Medicina Hospitalar (ABMH); Assessor da Diretoria Médica do Hospital Samaritano de São Paulo.

Última revisão: 18/06/2018

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Contexto Clínico

 

É muito provável que já se tenha ouvido falar sobre regras mnemônicas que incluam o oxigênio dentro de cada atendimento para pacientes com infarto. Entretanto, questiona-se qual o benefício dessa conduta. O efeito clínico da terapia rotineira de oxigênio em pacientes com suspeita de infarto agudo do miocárdio (IAM) que não tem hipoxemia na linha de base é incerto.

 

O Estudo

 

Foi realizado um ensaio clínico randomizado com base em registro, utilizando registros nacionais suecos para inscrição de pacientes e coleta de dados. Os pacientes com suspeita de IAM e uma saturação de oxigênio de 90% ou mais foram distribuídos aleatoriamente para receber oxigênio suplementar (6L/min durante 6 a 12h, entregues através de uma máscara facial aberta) ou ar ambiente.

Um total de 6.629 pacientes foi matriculado. A duração mediana da terapia com oxigênio foi de 11,6h, e a saturação mediana de oxigênio no final do período de tratamento foi de 99% entre os pacientes tratados com oxigênio e de 97% entre os pacientes atribuídos ao ar ambiente. A hipoxemia desenvolveu-se em 62 pacientes (1,9%) no grupo de oxigênio, em comparação com 254 pacientes (7,7%) no grupo ar ambiente. A mediana do maior nível de troponina durante a internação foi de 946,5ng/L no grupo de oxigênio e 983,0ng/L no grupo ar ambiente.

O ponto final primário da morte por qualquer causa no prazo de 1 ano após a randomização ocorreu em 5,0% dos pacientes (166 de 3.311) atribuídos ao oxigênio e em 5,1% dos pacientes (168 de 3.318) atribuídos ao ar ambiente (HR, 0,97; IC 95% 0,79 a 1,21; P = 0,80). A reinternação com IAM em 1 ano ocorreu em 126 pacientes (3,8%) atribuídos ao oxigênio e em 111 pacientes (3,3%) atribuídos ao ar ambiente (HR, 1,13; IC 95%, 0,88 a 1,46; P = 0,33). Os resultados foram consistentes em todos os subgrupos predefinidos.

 

Aplicação Prática

 

Com base nesse excelente ensaio clínico randomizado, o uso rotineiro de oxigênio suplementar em pacientes com suspeita de IAM que não apresentou hipoxemia não encontrou redução de mortalidade por causa de 1 ano. Sendo assim, fica fácil afirmar que a escolha sábia nessa situação é não fornecer oxigênio a pacientes com infarto que não estiverem hipoxêmicos. Além de tudo, essa é uma medida que serve como uma luva para qualquer gestor hospitalar.

 

 

 

Bibliografia

 

Hofmann R et al. Oxygen Therapy in Suspected Acute Myocardial Infarction. N Engl J Med 2017; 377:1240-1249.

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