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Hérnia em pós-operatório

Autor:

Lucas Santos Zambon

Doutorado pela Disciplina de Emergências Clínicas Faculdade de Medicina da USP; Médico e Especialista em Clínica Médica pelo HC-FMUSP; Diretor Científico do Instituto Brasileiro para Segurança do Paciente (IBSP); Membro da Academia Brasileira de Medicina Hospitalar (ABMH); Assessor da Diretoria Médica do Hospital Samaritano de São Paulo.

Última revisão: 11/07/2018

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Quadro Clínico

 

         Paciente do sexo feminino, 86 anos, com história de cirurgia laparoscópica para colecistectomia há 2 semanas, é internada com quadro de protuberância em flanco direito abdominal associada à dor. Nega outras comorbidades e, ao exame físico, encontra-se em Escala de Coma de Glasgow 15, com pressão arterial (PA) 140x70mmHg, frequência cardíaca (FC) 96bpm, frequência respiratória (FR) 16RPM, saturação de oxigênio e temperatura normais, ausculta cardíaca e pulmonar normais; palpa-se hérnia em flanco direito não redutível, com presença de ruídos hidroaéreos (RHA). A seguir, o detalhe da tomografia computadorizada (TC).

 

TC: tomografia computadorizada.

Figura 1 - Detalhe da TC de abdome, que mostra hérnia incisional com presença de alça intestinal.

 

Discussão

 

Pode-se definir hérnia como protrusão, protuberância ou projeção de um órgão ou parte de um órgão através da parede do corpo que normalmente o contém, como a parede abdominal. As hérnias são tipicamente classificadas por etiologia e localização, sendo uma delas a incisional.

As hérnias incisionais, por definição, se desenvolvem em locais onde uma incisão foi realizada para algum procedimento abdominal prévio; estima-se que isso ocorra em 10 a 15% das incisões abdominais e em até 23% dos pacientes que desenvolvem infecção na ferida pós-operatória. Qualquer condição que iniba a cicatrização natural de feridas fará um paciente suscetível ao desenvolvimento de uma hérnia incisional.

Tais condições incluem: infecção, obesidade, tabagismo, medicamentos como imunossupressores, tensão excessiva da ferida, desnutrição, sutura fraturada, técnicas precárias e distúrbios do tecido conjuntivo. Cirurgia feita em caráter de emergência aumenta o risco de formação de hérnia incisional.

A deiscência da ferida abdominal é um fator de risco fortíssimo para formação de hérnia incisional, sendo os fatores de risco para o desenvolvimento da deiscência da ferida idade acima de 70 anos, sexo masculino, doença pulmonar crônica, ascite, icterícia, anemia, cirurgia de emergência, tosse e infecção da ferida.

A maior incidência é observada em incisões na linha média, sendo que as incisões do abdome superior têm maior incidência de hérnia do que as incisões abdominais inferiores. Seu desenvolvimento é, em geral, no início do pós-operatório, sugerindo que fatores locais (infecção, tensão, técnica) são, de fato, os responsáveis. No entanto, as hérnias podem se desenvolver até 10 anos após a cirurgia.

 

Bibliografia

 

1.             Mudge M, Hughes LE. Incisional hernia: a 10 year prospective study of incidence and attitudes. Br J Surg 1985; 72:70.

2.             Bucknall TE, Cox PJ, Ellis H. Burst abdomen and incisional hernia: a prospective study of 1129 major laparotomies. Br Med J (Clin Res Ed) 1982; 284:931.

3.             van Ramshorst GH, Nieuwenhuizen J, Hop WC, et al. Abdominal wound dehiscence in adults: development and validation of a risk model. World J Surg 2010; 34:20.

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