Autor:
Lucas Santos Zambon
Doutorado pela Disciplina de Emergências Clínicas Faculdade de Medicina da USP; Médico e Especialista em Clínica Médica pelo HC-FMUSP; Diretor Científico do Instituto Brasileiro para Segurança do Paciente (IBSP); Membro da Academia Brasileira de Medicina Hospitalar (ABMH); Assessor da Diretoria Médica do Hospital Samaritano de São Paulo.
Última revisão: 22/06/2021
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Estudos pré-clínicos sugerem que aalbumina possa ter um papel anti-inflamatório, e, como infecções e o aumento dainflamação sistêmica causam disfunção orgânica e morte em pacientes com cirrosedescompensada, seu uso poderia ser uma solução nesses casos. No entanto, faltamensaios clínicos confirmatórios em grande escala.
Apresentamosum ensaio clínico randomizado, multicêntrico, abertoe de grupo paralelo envolvendo pacientes hospitalizados com cirrosedescompensada que tinham nível de albumina sérica menor que 3 g/dL no momentoda inscrição. Os pacientes foram designados aleatoriamente para receber soluçãode albumina humana 20% por até 14 dias ou até a alta, o que ocorresse primeiro,ou tratamento padrão. O tratamento começou dentro de três dias após a admissão.O desfecho primário composto foi nova infecção, disfunção renal ou morte entreos dias 3 e 15 após o início do tratamento.
Foram submetidos à randomização 777pacientes, e o álcool foi relatado como a causa de cirrose na maioria deles.Uma infusão total média de albumina de 200 g (intervalo interquartil, 140 a280) por paciente foi administrada ao grupo de albumina-alvo (aumentando onível de albumina para = 3 g/dL), em comparação com uma mediana de 2 g(intervalo interquartil, 0 a 12) por paciente administrada ao grupo detratamento padrão (diferença média ajustada, 143 g; IC 95%, 127 a 158,2). Aporcentagem de pacientes com um evento de desfecho primário não diferiusignificativamente entre o grupo de albumina-alvo (113 de 380 pacientes[29,7%]) e o grupo de tratamento padrão (120 de 397 pacientes [30,2%]) (oddsratio ajustada, 0,98; IC 95%, 0,71 a 1,33; P = 0,87). Uma análise de tempoaté o evento em que os dados foram censurados no momento da alta ou no dia 15também não mostrou diferença significativa entre os grupos (razão de risco,1,04; IC 95%, 0,81 a 1,35). Eventos adversos graves ou com risco de morte ocorrerammais no grupo da albumina do que no grupo de tratamento padrão.
Este ensaioclínico nos traz mais do conceito ?menos é mais?, pois,em pacientes hospitalizados com cirrose descompensada, as infusões de albuminapara aumentar o nível de albumina para uma meta de 3 g/dL não trouxerambenefícios clínicos aos pacientes, sugerindo que seu uso apenas eleva custos e,portanto, não deve ser adotado como conduta no perfil de casos estudados.
1. China L et al. A Randomized Trial of AlbuminInfusions in Hospitalized Patients with Cirrhosis. N Engl J Med 2021;384:808-817.
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