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Tratamento da Hipertensão Crônica na Gestação

Autor:

Lucas Santos Zambon

Doutorado pela Disciplina de Emergências Clínicas Faculdade de Medicina da USP; Médico e Especialista em Clínica Médica pelo HC-FMUSP; Diretor Científico do Instituto Brasileiro para Segurança do Paciente (IBSP); Membro da Academia Brasileira de Medicina Hospitalar (ABMH); Assessor da Diretoria Médica do Hospital Samaritano de São Paulo.

Última revisão: 20/10/2022

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Contexto Clínico

 

É intuitivoimaginar que o tratamento da hipertensão deve ser feito em qualquercircunstância, pois sempre traz benefícios. Porém, há situações que mostram queisso não é uma verdade absoluta. Por exemplo, os benefícios e a segurança dotratamento da hipertensão crônica leve (pressão arterial < 160/100 mmHg)durante a gravidez são incertos. São necessários dados sobre uma possívelestratégia de atingir pressão arterial inferior a 140/90 mmHg quanto à redução deincidência de resultados adversos da gravidez, porém mantendo segurança quantoao crescimento fetal.

 

O Estudo

 

Apresentamosum ensaio clínico aberto, multicêntrico e randomizado e designamos gestantescom hipertensão crônica leve e fetos únicos com idade gestacional inferior a 23semanas para receber medicamentos anti-hipertensivos recomendados para uso nagravidez (grupo de tratamento ativo) ou não receber tal tratamento, a menos quehipertensão grave (pressão sistólica = 160 mmHg ou pressão diastólica = 105mmHg) se desenvolvesse (grupo controle). O desfecho primário avaliado foi umcomposto de pré-eclâmpsia com características graves, parto prematuro comindicação médica com menos de 35 semanas de gestação, descolamento de placentaou morte fetal ou neonatal. O desfecho de segurança foi peso ao nascer pequenopara a idade gestacional, abaixo do percentil 10 para a idade gestacional. Osdesfechos secundários incluíram compostos de complicações neonatais ou maternasgraves, pré-eclâmpsia e parto prematuro.

Foraminscritas no estudo 2.408 mulheres. A incidência de um evento de desfechoprimário foi menor no grupo de tratamento ativo do que no grupo controle (30,2%vs. 37,0%), para razão de risco ajustada de 0,82 (IC 95%, 0,74 a 0,92; P < 0,001).A porcentagem de peso ao nascer pequeno para a idade gestacional abaixo dopercentil 10 foi de 11,2% no grupo de tratamento ativo e de 10,4% no grupocontrole (razão de risco ajustada, 1,04; IC 95%, 0,82 a 1,31; P = 0,76). Aincidência de complicações maternas graves foi de 2,1% e 2,8%, respectivamente(razão de risco, 0,75; IC 95%, 0,45 a 1,26), e a incidência de complicaçõesneonatais graves foi de 2,0% e 2,6% (razão de risco, 0,77; IC 95%, 0,45 a1,30). A incidência de qualquer pré-eclâmpsia nos dois grupos foi de 24,4% e31,1%, respectivamente (razão de risco, 0,79; IC 95%, 0,69 a 0,89), e aincidência de parto prematuro foi de 27,5% e 31,4% (razão de risco, 0,87; IC 95%,0,77 a 0,99).

 

Aplicação Prática

 

Um ensaioclínico como este pode de fato nos ajudar a resolver dúvidas práticas. Ao menoscom este resultado, podemos afirmar que vale a pena ter uma estratégia deatingir pressão arterial inferior a 140/90 mmHg em gestantes com hipertensãocrônica leve. Quanto aos resultados, o desfecho composto primário foi quase 20%menos comum no grupo intervenção. Além disso, as incidências de pré-eclâmpsia ede parto prematuro foram maiores no grupo controle. Assim, de fato devemosrecomendar que gestantes tenham bom controle pressórico, mesmo em casos dehipertensão crônica leve.

 

Bibliografia

 

1.            Tita AT et al. Treatment forMild Chronic Hypertension during Pregnancy. N Engl J Med 2022; 386:1781-1792

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