Autor:
Lucas Santos Zambon
Doutorado pela Disciplina de Emergências Clínicas Faculdade de Medicina da USP; Médico e Especialista em Clínica Médica pelo HC-FMUSP; Diretor Científico do Instituto Brasileiro para Segurança do Paciente (IBSP); Membro da Academia Brasileira de Medicina Hospitalar (ABMH); Assessor da Diretoria Médica do Hospital Samaritano de São Paulo.
Última revisão: 29/07/2013
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Especialidades: Medicina de Família / Cardiologia / Endocrinologia
Este estudo mostra resultados importantíssimos quanto ao aconselhamento de pacientes e à realização de políticas de prevenção de doenças cardiovasculares e oncológicas.
O tabagismo e a obesidade são extremamente bem estudados do ponto de vista de relação com risco de doenças graves na população. Apesar de menos valorizada, a questão da inatividade física é pouco estudada neste contexto. Neste artigo, é apresentado um estudo relevante nesta área que mostra resultados importantíssimos quanto ao aconselhamento de pacientes e á realização de políticas de prevenção de doenças cardiovasculares e oncológicas.
Nesse estudo, os pesquisadores quantificaram os efeitos da falta de atividade física em termos de doença coronariana, diabetes tipo 2, câncer colorretal e câncer de mama. Para estimar quantas dessas doenças poderiam ser evitadas se a inatividade física fosse diminuída ou eliminada, os pesquisadores usaram estimativas conservadoras para calcular a fração atribuível da inatividade física nestas doenças em diferentes regiões do mundo. Eles também estimaram qual seria o impacto em aumento de expectativa de vida.
A estimativa mundial de porcentagem destas doenças atribuíveis à inatividade física foram as seguintes (medianas):
doença coronariana: 6%;
diabetes tipo 2: 7%;
câncer de mama: 10%;
câncer colorretal: 10%.
A inatividade física é responsável por cerca de 9% (intervalo interquartil de 5,1 a 12,5%) das mortes prematuras no mundo, o que em 2008 equivaleria a 5,3 milhões das 57 milhões de mortes registradas no mundo. Os autores estimaram que uma diminuição das taxas de inatividade física em 10% poderiam prevenir 533 mil mortes, e uma diminuição de 25% poderia prevenir 3 milhões de mortes por ano no mundo. Eliminando a inatividade física, aumentaria a expectativa de vida da população mundial em 0,68 anos (intervalo interquartil de 0,41 a 0,95).
Os achados deste estudo dão uma dimensão muito mais importante em relação aos hábitos de atividade física da população mundial. O mundo moderno é cada vez mais sedentário, principalmente nas grandes metrópoles, e este estudo mostra os riscos relacionados a esta mudança comportamental e cultural.
Os riscos da inatividade física mostrados neste estudo são semelhantes aos do tabagismo e da obesidade, e uma mudança comportamental poderia mudar o panorama mundial de algumas doenças muito prevalentes, como demonstrado.
O conhecimento empírico de que atividade física faz bem à saúde não é uma novidade, e sempre foi passado de geração para geração, mas estes dados reforçam ainda mais a necessidade de mudança comportamental e podem motivar uma mudança social quanto à questão da atividade física como promoção de saúde.
1. Lee I-M, Shiroma EJ, Lobelo F, Puska P, Blair SN, Katzmarzyk PT et al. Effect of physical inactivity on major non-communicable diseases worldwide: an analysis of burden of disease and life expectancy. Lancet 2012 Jul 21; 380:219. [link para o artigo].
2. Das P, Horton R. Rethinking our approach to physical activity. Lancet 2012 Jul 21; 380:189. [link para o artigo]
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